Na noite de sexta-feira, 24 de outubro de 2025, Tiago Splitter entrou para a história da NBA como o primeiro técnico nascido no Brasil a comandar uma equipe na liga. Em sua estreia, ele guiou o Portland Trail Blazers a uma vitória esmagadora de 139 a 119 sobre os Golden State Warriors, no Moda Center, em Portland, Oregon. A vitória não era só importante — era histórica. E veio sob circunstâncias que ninguém poderia prever.
Do caos à liderança: o que levou à estreia inesperada de Splitter
Tudo mudou na manhã de quinta-feira, 23 de outubro. O técnico titular do Blazers, Chauncey Billups, ex-jogador da Hall da Fama e campeão da NBA em 2004, foi detido pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) em sua residência em Oregon. A acusação? Participação em uma rede de jogos de pôquer ilegais ligada a organizações criminosas, com movimentação de milhões de dólares entre vários estados. Billups foi liberado após pagar fiança, mas permanece suspenso indefinidamente. O mesmo ocorreu com o armador Terry Rozier, do Miami Heat, e o ex-jogador Damon Jones, ambos envolvidos em esquemas de apostas ilegais. O advogado de Billups, Chris Heywood, foi categórico: "Qualquer pessoa que conhece Chauncey Billups sabe que ele é um homem íntegro. Homens íntegros não trapaceiam nem fraudam outras pessoas. Acreditar que ele fez isso é acreditar que ele arriscaria seu legado, sua reputação e sua liberdade por um jogo de cartas." Mas a investigação segue — e o time precisava de um líder imediatamente.Splitter: do banco aos bancos de treinadores
Nascido em Santa Catarina, Splitter, de 40 anos, não era um nome comum nos holofotes da NBA como técnico. Mas sua trajetória era sólida. Jogador campeão com os San Antonio Spurs em 2014, ele atuou como assistente nos Brooklyn Nets e nos Houston Rockets. Antes de assumir o cargo em Portland, comandou o Paris Basketball na França, onde conquistou dois títulos nacionais. Sua calma, sua inteligência tática e seu respeito entre os jogadores o tornaram a escolha lógica — mesmo sendo temporária. Na coletiva antes do jogo, ele disse simplesmente: "Nossa missão é jogar basquete. O resto não é nossa responsabilidade." E foi exatamente isso que o time fez.A noite em que Portland quebrou o ciclo
O jogo começou equilibrado. Após o primeiro quarto, placar em 28 a 28. Mas no segundo, os Blazers explodiram. Deni Avdija foi o grande protagonista: 26 pontos, 6 assistências e 5 rebotes. Jerami Grant, saindo do banco, somou 22 pontos. Toumani Camara fez 19 pontos e 7 rebotes. Jrue Holiday completou o double-double com 12 pontos e 11 assistências. Enquanto isso, Stephen Curry brilhou sozinho para os Warriors: 35 pontos, 7 bolas de três pontos, 6 rebotes. Mas o time não encontrou respostas defensivas. A fadiga da longa viagem, a falta de coesão e a pressão psicológica pesaram. Mesmo com Draymond Green e Jimmy Butler em quadra — e o brasileiro Gui Santos como substituto —, os Warriors não conseguiram reverter a desvantagem. A vitória foi mais do que um resultado. Foi a primeira do Blazers na temporada 2025-2026, após uma derrota na estreia contra os Timberwolves. E, mais importante: acabou com uma sequência de nove derrotas consecutivas contra Golden State. Um ciclo quebrado. Um time que encontrou rumo.Reação da NBA: integridade em jogo
Durante o intervalo do jogo, o comissário da NBA, Adam Silver, fez um pronunciamento raro e emocional: "Não há nada mais importante para a liga e seus fãs do que a integridade da competição. Eu senti um nó no estômago, foi muito perturbador." A liga confirmou que está cooperando plenamente com as autoridades federais e reafirmou que a ética é prioridade absoluta. O caso Billups não é isolado. Nos últimos anos, a NBA já enfrentou casos de apostas ilegais envolvendo jogadores, mas nunca um técnico da sua elite. O escândalo abriu um debate sobre a pressão financeira que atletas e treinadores enfrentam após a aposentadoria — e como a liga pode proteger melhor seus profissionais.O que vem a seguir?
Na noite de domingo, 26 de outubro, Splitter levou o Blazers para enfrentar os Los Angeles Clippers fora de casa. O resultado? Uma derrota por 112 a 108. Mas o time jogou com identidade. O treinador foi aplaudido pela torcida, mesmo em derrota. A diretoria do Blazers já sinalizou que avaliará sua permanência como técnico interino — e há especulações de que ele pode ser nomeado permanentemente. Ainda que o caso de Billups continue em andamento, Splitter já deixou sua marca. Ele provou que um treinador brasileiro pode não apenas entrar na NBA, mas liderar com autoridade, calma e inteligência. Em uma liga onde a diversidade ainda é um desafio, ele virou símbolo. Um símbolo que nasceu em Florianópolis, passou por San Antonio e agora, em Portland, está escrevendo um novo capítulo — não só para o time, mas para o basquete brasileiro.Frequently Asked Questions
Por que a estreia de Tiago Splitter é histórica?
Splitter é o primeiro técnico nascido no Brasil a comandar uma equipe na NBA. Embora outros brasileiros tenham sido assistentes ou treinadores de desenvolvimento, nenhum chegou ao cargo de head coach em uma partida oficial. Sua vitória contra os Warriors, em um jogo de alto nível, rompeu barreiras raciais e geográficas no esporte mais global do basquete.
Qual foi o impacto da detenção de Chauncey Billups no time?
A detenção causou caos interno, mas também uniu o grupo. Jogadores relataram que Splitter manteve a rotina e evitou discussões sobre o escândalo. Isso criou um ambiente de foco. A vitória foi vista como uma forma de homenagem ao time e de reafirmação de valores — não de protesto. O clima mudou de pânico para propósito.
Como o caso Billups afeta a reputação da NBA?
O caso abala a imagem da liga, especialmente porque envolve um Hall da Fama e uma rede de apostas com ligação a organizações criminosas. A NBA já enfrentou escândalos semelhantes, mas nunca com um técnico principal. A liga agora enfrenta pressão para implementar programas de apoio financeiro e psicológico para ex-jogadores, evitando que eles se voltem para atividades ilegais após a carreira.
Splitter tem chances de se tornar técnico permanente?
Sim. Apesar da derrota contra os Clippers, o desempenho tático e o controle emocional de Splitter impressionaram a diretoria. Fontes internas indicam que ele é o favorito para o cargo, mesmo que Billups seja absolvido. A NBA valoriza liderança e estabilidade — e Splitter demonstrou ambos. Sua experiência internacional e conhecimento de sistemas modernos o tornam um candidato raro e valioso.
Quais outros brasileiros já chegaram perto de ser treinadores da NBA?
Antes de Splitter, apenas dois brasileiros atuaram como assistentes: Marcelo Nicola (em 2019 com os Nets) e Bruno Caboclo (como treinador de desenvolvimento em 2023). Nenhum chegou a comandar em jogo oficial. Splitter é o primeiro a liderar uma equipe em uma partida da temporada regular, e o primeiro a vencer. Seu sucesso pode abrir portas para outros sul-americanos no treinamento da NBA.
O que a vitória contra os Warriors significa para o futuro do Blazers?
Quebrar a sequência de nove derrotas contra os Warriors é simbólico, mas o impacto real está na confiança. O time, que vinha em crise de identidade, agora tem um líder claro. A eficiência ofensiva (58% de aproveitamento de arremessos) e o equilíbrio entre jogadores jovens e veteranos sugerem que o Blazers pode se tornar um time competitivo na Conferência Oeste — mesmo sem os grandes nomes da temporada passada.
Rafael Pereira
outubro 30, 2025 AT 08:56Isso aqui é algo que a gente nunca viu no basquete brasileiro. Splitter mostrou que gente de aqui pode liderar no maior palco do mundo. Não precisa ser um cara de fora pra dar conta. Ele só fez o que sabia fazer: treinar basquete com calma e respeito.
Parabéns, Tiago. Você fez história sem gritar, sem fazer show. Só com trabalho.
Espero que a diretoria não estrague isso agora.
Naira Guerra
novembro 1, 2025 AT 06:38É triste ver como a NBA permite que pessoas com problemas éticos fiquem por anos no sistema. Billups era um exemplo, e agora? A liga só reage quando o escândalo vira manchete. Splitter merece o cargo, mas isso não justifica o caos que permitiram.
Francini Rodríguez Hernández
novembro 2, 2025 AT 15:07MEU DEUS QUE PARTIDA!!! Splitter é o cara mesmo, hein? O time jogou como se tivesse um novo coração. Avdija matou, Grant veio do banco e arrasou, e o Holiday foi o cérebro. E o Curry? Tava sozinho, mas o time dele tava perdido. Brabo demais!! 🙌
Manuel Silva
novembro 3, 2025 AT 06:21Na verdade, Splitter já vinha sendo visto como o próximo treinador do Blazers desde o fim da temporada passada. Ele tem um perfil raro: entende de sistema Spurs, sabe lidar com jovens, e tem experiência na Europa. O que aconteceu com Billups foi só o acelerador. O time já tava pronto pra ele.
Se ele manter esse ritmo, pode virar o primeiro treinador brasileiro na Hall da Fama como técnico. Sério.
Flávia Martins
novembro 3, 2025 AT 16:46Splitter venceu mas e o caso Billups? E a rede de apostas? E os outros envolvidos? O que a NBA vai fazer mesmo? Ninguém fala disso só de festeja a vitória
José Vitor Juninho
novembro 5, 2025 AT 11:36Eu fiquei emocionado. Não pela vitória em si, mas pela forma como o time se comportou. Nenhum jogador falou mal de Billups. Nenhum comentou sobre o escândalo. Eles só jogaram. E Splitter, com aquele olhar calmo, fez exatamente o que precisava: criar um espaço seguro.
Isso é liderança. Não é tática. É humanidade.
Quem disse que basquete é só pontos e rebotes?
Maria Luiza Luiza
novembro 6, 2025 AT 00:48Claro que ele venceu, né? Tinha um time com Holiday, Grant, Avdija... contra os Warriors sem coesão? Até meu gato daria conta. E aí? Virou herói? Acho que a mídia tá exagerando, como sempre. E o Gui Santos? Quem lembra dele? Ninguém. Só o brasileiro que venceu.
Sayure D. Santos
novembro 6, 2025 AT 09:43Splitter representa uma nova geração de treinadores: híbridos entre o modelo americano e o europeu. Ele integra o conceito de 'processo' do Spurs com a estrutura tática da Europa. Isso é revolucionário para a NBA, que ainda valoriza excessivamente o carisma sobre a metodologia.
Sua estreia foi um case de transição de paradigma.
Gustavo Junior
novembro 6, 2025 AT 21:24Essa vitória foi sorte. O Warriors tava cansado, o Curry tava sozinho, e o Splitter só colheu o que outros construíram. Se ele perde a próxima, vai ser o mesmo lixo de sempre. E ainda querem colocar ele como ícone? Sério? O basquete brasileiro não precisa de mitos. Precisa de estrutura. E ele não tem nenhuma.
Henrique Seganfredo
novembro 7, 2025 AT 14:58Brasil não tem cultura de treinador. Splitter é um acidente histórico. Se ele fosse americano, ninguém daria importância. Mas como é brasileiro, vira notícia nacional. O que importa é o jogo. Não a bandeira.
kang kang
novembro 8, 2025 AT 23:56Isso aqui é mais que basquete. É um símbolo. Um cara de Florianópolis, que cresceu jogando em quadras de concreto, que foi pra San Antonio, aprendeu com Popovich, treinou na França, e agora, em Portland, muda o rumo de uma franquia...
É como se o universo tivesse dito: 'Aqui está alguém que não se rendeu'.
Splitter é o tipo de pessoa que faz a gente acreditar que o mundo ainda pode ser justo. 🌍🏀
Juliana Ju Vilela
novembro 10, 2025 AT 00:34QUE LINDO! Eu tô chorando aqui, sério. Meu pai me levava pra ver jogo no Maracanãzinho quando eu era criança. Agora, um brasileiro tá comandando na NBA e vencendo? É o sonho de todo garoto que jogou com meia no pé. Vai em frente, Splitter! 🇧🇷💛🖤
Jailma Andrade
novembro 10, 2025 AT 14:30Essa vitória não é só do Blazers. É do basquete latino-americano. Splitter representa que não precisamos copiar os EUA pra sermos bons. Temos nossa própria forma de entender o jogo. A paciência. A coletividade. A inteligência tática sem exibicionismo.
Isso é inspiração para meninos em São Paulo, Bogotá, Santiago. Não só para os que jogam. Mas para os que treinam.
Leandro Fialho
novembro 10, 2025 AT 15:20Se o Billups tivesse sido demitido por mau desempenho, ninguém daria bola. Mas por causa de um escândalo, o Splitter vira herói? Tá tudo errado. Mas... mesmo assim, ele merece. Porque ele fez o trabalho direito. E isso é raro.
Se ele ficar, vai ser por mérito. Não por acaso.
Eduardo Mallmann
novembro 11, 2025 AT 00:39É imperativo reconhecer que a nomeação de Tiago Splitter representa um marco epistemológico no contexto da estrutura hierárquica da NBA. A hegemonia cultural anglo-saxônica, historicamente dominante, foi subvertida por uma figura que incorpora uma epistemologia tática de raiz sul-americana, cuja sofisticação reside na síntese entre disciplina e empatia. Sua liderança não é gerencial - é fenomenológica. Ele não treina jogadores; ele cultiva consciência coletiva. O resultado? Uma vitória que transcende o esporte.
Timothy Gill
novembro 11, 2025 AT 14:27Splitter venceu porque o Warriors tava mal. Billups era um cara de verdade. O que Splitter fez foi manter o status quo. E agora todo mundo quer transformar ele em messias? A verdade é que a NBA tá precisando de um escândalo pra se lembrar que ainda tem gente que joga basquete. Não de heróis. De profissionais. E ele é só um deles.
David Costa
novembro 12, 2025 AT 23:51Quem lembra que o Splitter jogou com o Tim Duncan? Que ele foi campeão com o Spurs? Que ele passou anos como assistente, estudando cada detalhe, sem nunca pedir o cargo? Ele não foi escolhido por acaso. Foi escolhido porque ele sempre esteve lá, quieto, preparado. A vida não dá segunda chance. Mas ela dá preparo. E Splitter tinha. E agora, ele mostra que o Brasil não precisa de um jogador famoso pra ser respeitado. Precisa de um líder que sabe esperar.
Isso é mais que basquete. É filosofia de vida.
Willian de Andrade
novembro 14, 2025 AT 12:59essa vitória foi linda msm... mas e o gui santos? ele jogou 6 min e fez 2 pontos... ninguem fala dele mas ele é brasileiro tbm... hehe
Thiago Silva
novembro 15, 2025 AT 03:28Eu não sabia o quanto eu precisava disso. Depois de tantos anos vendo o basquete brasileiro ser ignorado, ver um dos nossos comandar uma vitória tão grande... foi como se alguém tivesse dito: 'Você também pertence aqui'.
Splitter não é só um técnico. Ele é o espelho de todos nós que acreditaram mesmo quando ninguém acreditava.
Brasil, levanta a cabeça. O nosso nome tá escrito na NBA agora.