Um vazamento de óleo hidráulico interrompeu o Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro, por quase 12 horas na terça‑feira, 30 de setembro de 2025. O incidente provocou o cancelamento de 164 voos e deixou cerca de 16 mil passageiros presos em uma teia de atrasos e reacomodações.
Contexto e antecedentes
O Santos Dumont, com cerca de 30 mil pousos mensais, é um dos terminais mais movimentados do país. Operado pela Infraero, o aeroporto funciona entre 6h e 23h, horário em que grandes companhias realizam a maior parte de seus voos domésticos. Nos últimos anos, a entidade tem apostado em manutenções fora do pico de tráfego para minimizar o incômodo ao público.
Entretanto, a prática de fazer manutenção preventiva à noite tem riscos – basta lembrar o apagão parcial que afetou o mesmo aeroporto em 2022, quando um problema elétrico causou atrasos de oito horas. O que aconteceu agora foi diferente, mas trouxe à tona a vulnerabilidade de um órgão que depende de equipamentos pesados em um espaço estreito.
Detalhes do vazamento e da paralisação
Durante uma manutenção prevista, o motor de um caminhão hidráulico que servia para nivelar a pista apresentou uma falha. Aproximadamente 50 litros de óleo escaparam, criando uma camada escorregadia próximo à cabeceira sul da pista – ponto crítico para decolagens e pousos. A Infraero acionou imediatamente o protocolo de emergência, isolando a área e iniciando a limpeza com um desengraxante biodegradável, exigido por normas de segurança aeroportuária.
O fechamento do Aeroporto Santos DumontRio de Janeiro foi oficializado às 7h15, quando os controladores confirmaram que a pista estava comprometida. A situação só foi revertida às 18h30, após duas horas de limpeza intensiva e inspeções de segurança.
Enquanto isso, a Abear registrou 80 chegadas e 82 partidas suspensas, e a Inframerica – concessionária do Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília – teve que cancelar 12 chegadas e 10 partidas que tinham como destino o Santos Dumont.
- Data do incidente: 30/09/2025
- Volume de óleo derramado: ~50 L
- Voos cancelados: 164
- Passageiros afetados: ~16 000
- Horas de paralisação: 11h45
Reações e críticas dos usuários
O descontentamento foi imediato. "Estava preocupada sim, não só comigo, que ia viajar hoje, mas com o pessoal que estava aqui ontem", disse Jocília Lima, comerciante que aguardava o voo para Recife. A falta de comunicação clara – os painéis de informação permaneciam apagados por quase duas horas – ficou entre as maiores reclamações nas redes sociais.
Já Thiago Azevedo, piloto da companhia aérea Azul, contou que a companhia providenciou hotel e alimentação, mas que "a gente ficou sem saber se conseguiria embarcar na segunda-feira". "Fomos bem atendidos, mas o stress de ficar preso no aeroporto não tem preço", completou.
A ANAC emitiu, ainda no mesmo dia, orientações para reembolsos e reacomodações, reforçando que os direitos dos passageiros devem ser garantidos mesmo em situações de força maior.
Impactos na malha aérea brasileira
Além do volume de voos cancelados, o incidente provocou um efeito dominó nas rotas regionais. Quatorze aviões foram desviados para o Aeroporto Tom Jobim (Galeão), aumentando o congestionamento já crítico naquela manhã. Operadores de carga relataram perdas estimadas em cerca de R$ 1,2 milhão, principalmente por atrasos na entrega de mercadorias perecíveis.
O setor de turismo também sentiu o baque: hotéis na zona sul relataram um aumento de 22% nas reservas de última hora, já que alguns passageiros optaram por pernoitar na cidade. Por outro lado, companhias de fretamento viram uma queda de 15% nas solicitações, reflexo da insegurança dos viajantes.
Próximos passos e lições aprendidas
Em resposta, a Infraero anunciou a revisão dos processos de manutenção noturna, incluindo a obrigatoriedade de inspeções duplas antes do início da operação de equipamentos hidráulicos. Também será implantado um sistema de monitoramento em tempo real para detecção de vazamentos, inspirado em protocolos de aeroportos europeus.
Especialistas em segurança de aviação, como o professor Carlos Eduardo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apontam que o incidente serve de alerta para a necessidade de treinamento mais rigoroso de equipes de chão. "Um simples descuido pode custar milhões e colocar vidas em risco", afirma.
Para os passageiros, a mensagem é clara: manter documentos digitais à mão e acompanhar as notificações das companhias ajudam a minimizar transtornos quando o inesperado acontece.
Perguntas Frequentes
Quantos passageiros foram realmente afetados pelo fechamento?
A Infraero estimou que cerca de 16 mil passageiros ficaram sem embarque, incluindo os que precisaram ser reacomodados em voos posteriores ou desembarcar em hotéis.
Qual foi a causa exata do vazamento de óleo?
Um caminhão hidráulico utilizado na manutenção preventiva apresentou falha na bomba, liberando cerca de 50 litros de óleo na pista perto da cabeceira sul. O veículo não transportava combustível, apenas fluido hidráulico.
Como a ANAC garantiu os direitos dos passageiros?
A agência divulgou orientações que exigem reembolso total ou remarcação sem custo adicional, além de assistência em alimentação e hospedagem quando o atraso ultrapassa quatro horas. As companhias que não cumprirem podem ser multadas.
Quais aeroportos foram diretamente impactados?
Além do Aeroporto Santos Dumont, o Galeão recebeu 14 voos desviados, e o Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, cancelou 22 movimentos ligados ao Santos Dumont.
O que muda na rotina de manutenção da Infraero?
A empresa vai dobrar as inspeções antes de colocar equipamentos hidráulicos em operação, instalar sensores de vazamento e limitar a manutenção noturna a períodos de menor tráfego, reduzindo a chance de novos incidentes.