UFC Paris: Imavov x Borralho lidera card em Paris e divide apostas pela vaga no topo

UFC Paris: Imavov x Borralho lidera card em Paris e divide apostas pela vaga no topo
7 set, 2025
por Sandro Alves Mentes Transformadas | set, 7 2025 | Esportes | 0 Comentários

Casa cheia, barulho ensurdecedor e uma espécie de eliminatória rumo ao cinturão dos médios: é isso que Paris deve viver no dia 6 de setembro, na Accor Arena. Na luta principal, Nassourdine Imavov encara Caio Borralho num duelo de estilos que já mexe com as cotações. O francês aparece como leve azarão (+110 a +115), enquanto o brasileiro é favorito moderado (−130 a −135). A leitura das casas de aposta reflete a divisão entre analistas: técnica e controle de Borralho de um lado; pressão, envergadura e ambiente a favor de Imavov do outro.

Imavov x Borralho: estilos, números e caminhos para vencer

Imavov, 29 anos, 1,91 m e 1,90 m de envergadura, chega com sequência positiva e atuação cada vez mais madura na divisão. É um médio que trabalha bem a longa distância, com jab afiado, chutes no corpo e entradas em linha reta quando sente o momento. Nos números, ele produz 4,45 golpes significativos por minuto com 55% de precisão, absorvendo 3,26 por minuto e defendendo 58% dos ataques rivais. Em cinco rounds, isso costuma se traduzir em volume que chama a atenção dos juízes, especialmente quando a arena vibra a cada toque.

Do outro lado, Caio Borralho, 32 anos, 1,85 m e envergadura semelhante, é o tipo de lutador que joga por cima dos erros do adversário: eficiente, econômico e raramente fora de posição. Seus números contam essa história: 3,61 golpes por minuto, mas com altíssima precisão (60%) e absorvendo pouco (2,34 por minuto) com 62% de defesa. O pacote se completa com o grappling: em média, 1,56 quedas a cada 15 minutos, 60% de acerto nas entradas e, principalmente, controle superior quando a luta vai para a grade ou para o solo.

É aqui que o confronto ganha uma camada tática. Nos dados de controle, Borralho domina 82% das posições de grappling que cria — um índice que explica por que seus rivais passam longos trechos presos ao alambrado ou tentando sair da meia-guarda. Imavov, por sua vez, controla 39% das sequências em que clincha ou derruba, número que indica preferência por manter a luta no centro e ditar a distância. Se o brasileiro travar o francês contra a grade e trabalhar joelhos, ombro e curtos no corpo, esfria o ritmo e rouba minutos preciosos em rounds apertados.

Fator casa? Pesa, sim. Paris tende a reagir a cada combinação de Imavov, e isso pode influenciar rounds parelhos. A altura e o alcance do francês também criam leituras difíceis: o jab entra antes, os chutes ao corpo se acumulam, e as entradas de queda ficam mais arriscadas se telegrafadas. Mas Borralho é disciplinado no tempo de reação: costuma ameaçar a queda para abrir o direto de direita, misturar nível de ataque e chegar ao clinch com segurança. Pequenos detalhes — como chutar a perna da frente de Imavov para quebrar a base — podem mudar a cara do duelo no terceiro round em diante.

Cardio deve ser um tema. Imavov acelera em janelas de explosão; Borralho prefere cadenciar. Em cinco rounds, quem for mais fiel ao plano tende a crescer tarde. Se o francês mantiver a luta no centro, pontuar com combinadas simples (1–2 e chute na linha de cintura) e punir as entradas de queda com joelhadas e underhooks, ele aumenta muito a chance de levar em decisão. Se o brasileiro dominar a meia-distância, cole na grade e vá somando quedas nos minutos finais dos rounds, pode abrir 3–1 antes do quinto e administrar.

  • Para Imavov: jab constante, chutes na base, defesa de quedas no primeiro contato e ângulos na saída do clinch.
  • Para Borralho: variação nível alto/baixo, clinch na grade, quedas no segundo esforço e ground control sem se expor a golpes de encontro.

As projeções de mercado apontam luta longa: a linha de mais de 4,5 rounds aparece fortemente favorita (em torno de −240). Muita gente vê decisão, talvez apertada. Não seria surpresa ver um 48–47 para qualquer lado se os primeiros três rounds forem táticos e com poucos momentos claros de quase-finalização.

O restante do card, linhas de aposta e o que esperar

O co-main promete faísca: Mauricio Ruffy (−180) x Benoit Saint Denis (+150) no peso-leve. Ruffy é potência e volume iniciais; costuma encontrar a cabeça do rival cedo com ganchos curtos. Saint Denis, ídolo local, é pressurizador nato: aceita porrada para encurtar e buscar queda ou clinch. Se Benoit empurrar o ritmo e sobreviver aos primeiros cinco minutos, as cotações podem se equilibrar no vivo. Se Ruffy cravar a distância e defender o primeiro clinch, tem caminho para vencer por interrupção no começo.

Nos meio-pesados, Modestas Bukauskas (−350) é amplo favorito contra Paul Craig (+275). É o clássico striker versus grappler. Bukauskas tem pés ágeis e bom controle de distância; Craig é mortal no solo e vive de armadilhas — triângulos e chaves saindo da guarda. O risco para quem aposta no favorito: uma queda mal calculada ou descuido no ground and pound. O caminho óbvio para Modestas é manter-se de pé, chutar a perna da frente de Craig e não seguir para o chão se o escocês sentar e chamar.

Mason Jones (−140) x Bolaji Oki (+120) no leve é duelo de ritmo e precisão. Jones entrega volume e variação de combinações; Oki, mais econômico, busca o golpe limpo e tem mãos rápidas em contragolpes. Quem vencer as batalhas de jab e ocupar o centro por mais tempo deve levar. Fique de olho nos ajustes do segundo round: Jones costuma acelerar quando percebe a leitura do rival; Oki responde com cruzados curtos e mudanças de base.

Fechando os destaques, Axel Sola (−130) x Rhys McKee (+110) no meio-médio junta escola francesa de movimentação com o boxe solto do norte-irlandês. Sola se dá bem quando pontua por fora e combina entradas de queda discretas, só para quebrar o ritmo. McKee cresce quando encontra seu direto e consegue emendar três, quatro golpes seguidos. Se a luta ficar limpa no centro, vantagem ligeira para McKee; se Sola confundir o tempo com fintas e variação de níveis, a decisão tende a escorregar para o lado francês.

Em termos de cenário, esta edição do UFC Paris tem peso simbólico para o crescimento do MMA francês desde a liberação do esporte no país. A Accor Arena já virou casa de grandes noites, e colocar Imavov na cabeça do evento em uma luta com cheiro de “title eliminator” reforça o momento. Quem sair vencedor entra de vez na conversa do cinturão dos médios. E, se a lógica das linhas se mantiver, a tendência é de uma noite longa, decidida na estratégia, no controle de pequenos espaços e na frieza para pontuar quando o barulho da torcida aumentar.

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