A tarde de sábado terminou de forma inesperada para a equipe de inspeção da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que patrulhava a BR-277, a principal via que liga Foz do Iguaçu a Cascavel. Por volta das 22h, os agentes abordaram um Renault Duster que seguia o tráfego normal da rodovia. O que parecia ser um simples controlado acabou revelando um dos maiores carregamentos de cabelo humano já vistos na região.
Como foi descoberto o compartimento secreto
Durante a verificação de rotina, os policiais notaram que o para-choque traseiro apresentava sinais de modificação. Uma leve vibração ao tocar a peça chamou atenção, assim como a presença de furos discretos que não condiziam com a estrutura original do veículo. Ao abrir cuidadosamente o compartimento, os agentes se depararam com sacos de lona contendo aproximadamente 50 quilos de cabelo, estimados em R$ 250 mil (cerca de US$ 50 mil).
O carregamento estava embalado em camadas de plástico e etiquetado em português e espanhol, indicando que a origem era Foz do Iguaçu – cidade fronteiriça que faz fronteira com o Paraguai. Segundo a PRF, o trajeto parecia ser de Foz até Cascavel, uma rota comum para contrabando de diversos produtos.
Dentro do veículo estavam dois homens, de 35 e 42 anos, que se apresentaram como motoristas. A polícia ainda não divulgou se foram presos ou apenas conduzidos para esclarecimentos. O Renault Duster, junto com a carga de cabelo, foi apreendido e encaminhado à Receita Federal em Cascavel, onde serão realizados os procedimentos legais e a avaliação da origem da mercadoria.
O cabelo humano tem grande demanda internacional para fabricação de perucas, extensões e produtos de beleza de alto padrão. O valor agregado ao material faz com que criminosos invistam em métodos cada vez mais sofisticados de ocultação, como o compartimento instalado no para-choque traseiro. Essa estratégia indica uma organização bem estruturada, capaz de adaptar veículos para transportar grandes volumes sem levantar suspeitas.
O caso levanta novamente a discussão sobre o comércio ilícito nas fronteiras do Paraná, principalmente com o Paraguai, que é conhecido por ser ponto de partida de diversas rotas de contrabando. Autoridades federais têm intensificado fiscalizações em rodovias estratégicas como a BR-277, e a apreensão de hoje demonstra a efetividade dessas ações. Ainda não há informações sobre possíveis laços com outras investigações ou grupos de crime organizado.
Enquanto a Receita Federal analisa a procedência dos sacos de cabelo, a Polícia Rodoviária Federal reforça a mensagem de que a vigilância continua nas principais rotas de transporte. Qualquer indício de irregularidade pode levar a descobertas como a de hoje, que não só impede a entrada de mercadorias ilícitas no país, mas também demonstra a capacidade de adaptação dos órgãos de segurança diante de novos métodos de smuggling.